A sociedade e a mulher

Sempre fui julgada e criticada por ter deixado a minha filha com o pai quando me divorciei. Pois, segundo a sociedade, o consciente coletivo, uma mãe nunca deixa os seus filhos com o pai. "Mãe nem que seja uma silva", já dizia a minha avó, mas ela é mãe e, apesar de não estar a criar a filha, tem direito a estar com a filha assim como a filha tem o direito e o dever de estar com a sua mãe e conhecê-la, desde que, claro, esta não maltrate a filha e quando digo maltratar é mesmo prender a própria filha (o), amarra-la (o) apagar cigarros nos seus corpos ou levá-la (o) para o mundo da prostituição ou abusar deles, ou entre outras tantas desgraças que tanto mães como pais fazem aos seus filhos. 
Porém, quando esta mãe, esta mulher, se apresenta perante a sociedade como uma pessoa idónea, psicologicamente saudável, com trabalho honesto, só com a sua saúde debilitada, tem direito e dever igual ao pai de estar com a (o) seu ou sua filha ou filho. 
Quando existe um divórcio, a culpa não é só de uma, mas dos dois, foram os dois que não conseguiram superar as divergências e optaram por se divorciar, porém os filhos não são "armas de arremesso", e, se a mãe, escolher deixar os filhos com o pai, provavelmente, é porque considera que o pai terá melhores condições financeiras e saúde para cuidar dos filhos, logo a mãe não deixa de ser mãe e não deixa de ser mulher, não é por ter escolhido de forma diferente que esta mulher, esta mãe vá ser uma má mãe ou má mulher. Pode ser muito pelo contrário, pode ser a mãe/mulher mais estremoza e mais cuidadora e mais amável e amiga que alguma vez você já conheceu. Porém, perante a sociedade, se uma mãe se escolhe a si primeiro em vez dos filhos ela é criticada, julgada, discriminada, e, até por vezes, posta de parte, quando ela tem tantos direitos como o pai. Quando uma mulher faz uma escolha destas ela não está a ser uma má mãe, muito pelo contrário, está a ser a melhor mãe do mundo, pois se ela não estiver bem não vai estar bem para ninguém, e quem diz mãe, diz amiga, filha, esposa, companheira, o que quer que seja,é uma forma de amor próprio. Amor próprio esse que é necessário à sobrevivência do ser humano saudável. 
Se a mãe, aquando o divórcio, esta mãe, escolhe deixar os filhos com o pai, porque o pai tem uma vida financeira, saúde, e liberdade mais estável, sabe que nada faltará aos seus filhos, e esta mãe escolhe sair e deixar os filhos com o pai ela não está de todo a ser uma má mãe, está a ser a melhor mãe do mundo. Casamento onde só brigas, desrespeito, não há amizade, nem amor, não vale a pena existir só por causa dos filhos, nenhum dos progenitores será feliz. 
Já pensou que esta mãe abdicou de ver os seus filhos crescerem 24h/7dias na semana, só para que os seus filhos tenham as suas necessidades básicas suprimidas e ainda tenham conforto, saúde e bem-estar, e se o contato com a mãe não for cortado, os filhos continuam a crescer com o amor da mãe. 
Porém, não é isto que muitas das vezes é decidido em tribunal ou visto pela sociedade.
Uma mãe doente e que se quer recuperar e ter uma vida melhor para si, é vista como um ser malévolo e que não tem direito a estar com a sua filha ou filhos, nem deve estar porque está abandonou os filhos, sendo este o último pensamento que muitas das vezes é integrado nas crianças destas relações, acabando por afastar duas, ou mais, pessoas que se amam desde sempre, e construindo, desta forma, sentimentos de mágoa, tristeza, abandono, rejeição, rancor, entre outros, que durante a infância e a sua adolescência podem não se revelar, porém na fase adulta podem ser a causa de muitas situações complicadas e constrangedoras na sua vida.

As sombras, muitas das vezes, tem parte da culpa destas ações, pois, o ser humano foi feito para evoluir, e estas ações obrigam a pessoa a sair da sua zona de conforto e ir em busca de algo diferente, como melhorar a sua vida, libertar-se de sentimentos como medo, raiva, ódio, rancor, mágoa, culpa, humilhação, entre outros, para ser um ser melhor todos os dias. É como se tivesse que olhar para aquela dor, aquele sofrimento, como se de uma ferida se tratá-se e ficasse ali a ver o sangue a escorrer e não fizesse nada, porém ao agir para sair da zona de conforto e enfrentar as suas sombras, a ferida começasse a cicatrizar, a sarar, e ao mesmo tempo que a ferida sara a mulher se fosse transformando, criando a carapaça de guerreira, a postela da ferida, à mulher de sucesso e vitoriosa, quando a ferida cicatriza e só fica a marca, e nesse caminho percorrido ela se transformou, se libertou de sentimentos como mágoa, rancor, depreciação de si mesma, passando a se apreciar, a se reconhecer, sentimentos como alegria, paz, harmonia tomam contam dela. Então, essa mulher passou a ser um ser melhor todos os dias, e reaprendeu a viver por si própria. Pois, o julgamento não passa de um conjunto coletivo que nunca pisou o chão que este ser maravilhoso teve que pisar com saltos stilettos e nem tão pouco compreende nem vive as suas dores nem vivenciou as suas sombras. Então, vivemos numa sociedade onde é mais fácil julgar e acreditar na mentira que se encontra na frente, do que se acreditar na verdade e na honestidade, pois isso requer uma ação de mudança à qual não estão dispostos a fazer por acreditar que é muito difícil. Engana-se. A energia necessária para mudar é igual à que é para manter, o hábito de agir de forma diferente é que dispõe de uma energia diferente.
Vive-se numa sociedade onde se acredita que a mulher tem que se resignar e ser submissa no casamento e na vida, negando-se a uma felicidade com a qual nasceu com o direito de acessar, e, o corpo humano, está feito para amar e ser amado e não para sentir dor, julgamento e maus tratos, por isso é que se adoece. 

Portugal, diz-se uma sociedade evoluída, porém quando uma mãe se divorcia e tem um vencimento baixo, não há nada que venha ou que exista que possa ajudar esta mãe a ter os seus filhos consigo, a não ser que ela seja vítima de algum tipo de agressão, aí ela terá que escolher sempre deixar os filhos com o pai, a não ser que este os rejeite, claro. Temos França que não permita que isso aconteça e faz de tudo para ajudar essa mãe com os seus filhos incluindo dando-lhe um vencimento todos os meses, ou até mesmo nos Estados Unidos da América, onde a alienação parental é crime, ou até mesmo, Holanda, Alemanha, Suiça. Podem até dizer que esses países têm isto e aquilo, eu dou-vos a resposta, que na relação custo de vida-vencimento as percentagens não diferem muito de Portugal, a diferença é que vivemos no século XXI e continua se a pensar como se vivessem à 500 anos atrás, e nos outros países as mentalidades foram evoluindo assim como as suas sociedades, e em Portugal ainda se vive muito com uma mentalidade retrógrada, patriarcal, em que a mulher é vista como um objeto, sexual, de reprodução e empregada doméstica, submissa, em vez de ser vista como um ser humano maravilhoso e que só existe seres humanos graças a elas, as mulheres, porque elas têm a benção da gestação coisa que os homens não podem. 
São as mulheres que dão e mostram os sentimentos de amor, benevolência, alegria, e embelezam o mundo, não é por acaso que até o nome do nosso planeta é feminino a "Terra".
Então, mulheres deste país, deste planeta, eu venho vos dizer que por mais que vos critiquem, por mais que vos julguem, jamais desçam ou desistam dos vossos saltos por causa de um homem, se é disso que vocês gostam. 
Sempre me disseram que tinha que fazer cedências de vez em quando, mas acreditem, se uns saltos vos define e define quem vocês são, jamais cedam os vossos sapatos por causa de um homem. Vivam e acreditem, que não é aquele e que algo bem melhor está lá na frente, aquele só surgiu para vos ensinar algo que é e está na vossa sombra e que não tem que permanecer escondido, aquele sentimento que já vos fez desistir de tudo e ser mais uma submissa na sociedade, em vez de serem aquilo que é a vossa essência e alcançarem os vossos sonhos.  E, se, para vocês alcançarem os vossos sonhos vocês tiverem que enfrentar os vossos maiores pesadelos, os vossos medos, as vossas partes ocultas, as vossas sombras, vocês enfrentarão. Sejam resilientes e persistentes, jamais desistam porque alguém disse que aquilo não era para si ou porque está a sonhar alto de mais, ou porque vocês não deviam, ou porque vocês são mulheres e as mulheres não fazem isso, ou porque a vossa família diz para vocês não agirem assim.
Sejam ambiciosas, sem terem que passar por cima de ninguém, porque o que é vosso, é vosso por direito à vida e não têm que maltratar ninguém, nem passar por cima de ninguém, para terem aquilo que tanto desejam. 
Lembrem-se que o vosso desejo é luz e tudo o que acontecer para vos afastar é sombras

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