É triste mas está é a realidade!

São neste preciso momento em que eu estou a escrever 4:30 da manhã. Não consigo dormir.
Esta noite, quando saí do trabalho com o meu chefe e a minha colega fomos comer qualquer coisa e beber um café num bar em vendas novas.
Conversa vai conversa vem, acabamos a conversar sobre as atitudes e comportamentos dos homens. Isto tudo porque o meu chefe reparou que o rapaz do balcão não tirava os olhos de cima de mim. Até me disse para eu mexer no cabelo quando ele fosse à mesa levar o nosso pedido ao que eu respondi que ele até pode mostrar- se encantado comigo, mas assim que eu lhe disser o que tenho na barriga ele fugirá logo a 7 pés, ao que ele respondeu é bem possível.
 É triste, mas está é a realidade que eu enfento todos os dias quando me olho ao espelho e quando digo que tenho uma ileostomia. A maioria das pessoas não sabe o que é e as que sabem pensam logo que foi cancro ou é cancro que a pessoa tem. Por vezes, essas mesmas pessoas olham para pessoas como eu com pena ou então só querem distância como se de uma doença contagiosa se tratasse, porque a imagem conta muito não se preocupam que por trás de um ser físico existe um ser com uma alma, por outras palavras para além da embalagem existe um conteúdo, mas como se costuma dizer os olhos comem primeiro.
 Eu tenho tido algumas discussões com esta minha colega e amiga por causa deste assunto porque ela dizia que eu estava a criar um mundo que não era o mundo onde eu vivia, quando, na realidade, era ela que estava a viver um mundo de fantasia e só hoje, porque eu levei o meu chefe a dizer a opinião dele é que ela percebeu que eu, se calhar, até tenho razão naquilo que digo.
Tudo porque ela se acha e se vê (o que se considera a mulher o centro da beleza) como um ser perfeito queria que eu me achasse o mesmo para eu poder viver um mundo de fantasia, mas esse mundo não existe e as pessoas são bastante cruéis com pessoas como eu que têm alguma deficiência, por alguma razão os deficientes são mantidos à margem da sociedade tal como à 500 anos atras. Ou seja, a sociedade ainda não evoluiu.
E quando eu digo o que sinto e vejo e digo que falo por experiência própria e vem alguém dizer que eu crio o meu próprio mundo e que devo ter pensamentos positivos e que devo colocar o pé que Deus depois coloca a escada. Eu me pergunto se isso é assim tão simples e tão fácil porque é que não acontece comigo e porquê é que eu conheço todos os sabores do contrário.

Esta semana numa de nossas conversas eu disse-lhe que estava fechada para o campo do amor, porque eu sabia e conhecia bem o sabor da rejeição por ter uma ileostomia ela respondeu com uma simples resposta que não acreditava que os homens fossem assim tão complicados e que se calhar eu não tinha agido de forma correta, e que não devia ter contado no primeiro encontro. Dito isto, eu lhe respondi o terceiro encontro é o quê afinal? E o estar numa relação é o quê afinal? E o sentir-se atraída por outra pessoa e sentir que essa pessoa também sente o mesmo mas ver que ele não age por causa da  ileostomia? É o quê afinal? Após estas experiências faz-se o quê? Continua se a tentar e a iludir-se? Como eu costumo dizer continua se a dar murros em pontas de facas para quê? Só quem sairá prejudicada serei eu mais ninguém. Quem irá sentir- se mais uma vez rejeitada serei eu mais ninguém. Por isso, eu me fechei em meu mundo, fechei meu coração e atirei a chave para bem longe porque não vale a pena se quer tentar uma aventura, não vale a pena porque ninguém vai querer estar com uma mulher que tem montes de problemas físicos para poder estar com outra pessoa de forma mais íntima.
Por isso, se algum homem olhar e disser algum comentário ou até mesmo a forma de olhar pode querer dizer alguma coisa eu nem vou ligar. Ligar para quê?

Tenho andado para dizer isto mas não tenho conseguido encontrar as palavras certas, mas não existe uma forma mais simples para dizer isto. A realidade é bem mais complicada do que as pessoas pensam principalmente para pessoas que possuem algum tipo de deficiência como eu que é leve quanto mais para uma pessoa que tem um grau maior de deficiência que eu...

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